especies invasoras

Especialistas em espécies invasoras apelam ao trabalho em rede e ao papel dos meios de comunicação social no envolvimento dos cidadãos

19 de Junho de 2020.

Os líderes de entidades públicas e privadas e os peritos em espécies exóticas invasoras (EEI) apelaram hoje à colaboração em rede entre diferentes projectos centrados no seu controlo e/ou erradicação e ao papel dos meios de comunicação social para envolver o público como principal elo nesta estratégia.

VIII Congresso Ibérico de Ictiologia

No âmbito do VIII Congresso da Sociedade Ibérica de Ictiologia (Sibic), especialistas de diferentes projectos destinados a melhorar habitats e espécies partilharam experiências em dois workshops virtuais promovidos pelo projecto Life Invasaqua, coordenado pela Universidade de Múrcia e no qual participam entidades dos domínios científico, académico e de divulgação e a Agência EFE.

Francisco José Oliva, coordenador da Life Invasaqua, uma iniciativa europeia centrada na sensibilização para o EEI e na participação de sectores-chave e do público em geral na área ibérica, sublinhou a necessidade de criar sinergias entre a informação e os responsáveis pela gestão.

“A colaboração com outros projectos será uma vantagem para o sucesso da Life Invasaqua”, salientou, tanto no trabalho de diagnóstico e desenvolvimento de ferramentas técnicas, como na formação dos grupos de interesse e da população em geral, através de “lições aprendidas”.

A participação dos cidadãos

Os especialistas, moderados por Fernando Cobo, director da Estação Hidrobiológica “Encoro do Con” e vice-presidente da Sibic, sublinharam também a necessidade de uma participação activa dos cidadãos e apelaram à sua sensibilização para um problema que gera perdas económicas consideráveis e danos ambientais e para a saúde.

Aludiram ao “efeito Bambi”, que pode gerar uma certa desconfiança entre a população quanto à erradicação ou controlo de certas espécies exóticas invasoras de beleza ou proximidade singular, como algumas plantas ou animais aquáticos, por oposição a outras sobre as quais os meios de comunicação social contribuem para a sua menor aceitação.

Por esta razão, o trabalho jornalístico e educativo é “crucial”, sublinharam, para que os cidadãos compreendam a necessidade de defender “o nosso material nativo”, que noutras ocasiões é também ameaçado pela crença de que um ambiente fluvial limpo – para a pesca, por exemplo – é um ambiente sem plantas; “as utilizações devem ser compatíveis e manter a função de um corredor nos nossos rios”, salientaram.

Sinergias

Francisco Carrasco, do projecto InvaRega, no qual a Associação Andaluza de Rega (Feragua) participa para combater o IAS na irrigação andaluza, afirmou que “são necessários milhões de euros” para controlar espécies como o mexilhão-zebra, “muito disseminado na bacia”, a amêijoa asiática ou o bryozo.

A iniciativa avalia a aplicação de tratamentos físicos e químicos para os controlar, fornece às comunidades de irrigação protocolos de acção e analisa a eficácia dos tratamentos, explicou Carrasco, que sublinhou o envolvimento dos irrigadores, que “são os primeiros interessados em resolver este problema” .

Pilar García, da Life Fluvial, salientou que um corredor fluvial “é muito mais do que um rio”, uma vez que proporciona mobilidade às espécies, constitui um reservatório de biodiversidade, absorve cheias e fornece água, entre outros serviços.

O projecto centra-se na melhoria do estado de conservação destes corredores fluviais atlânticos na Rede Natura 2000, através da recuperação de habitats para melhorar a conectividade, do controlo da flora exótica invasora, da remoção de árvores mortas ou da sensibilização para os valores naturais e os benefícios ecológicos e ecossistémicos dos sistemas fluviais.

Para Marc Ordeix, da Life Migratoebre, que se concentra na recuperação e melhoria da conservação das espécies nativas dos rios – esturjão europeu, lampreia marinha, enguia e sável – o IAS representa “uma grande limitação” a este objectivo e é muito importante avançar na sensibilização de sectores como o das pescas.

Santiago García, do projecto Life StopCortaderia, valorizou a visão transnacional sobre espécies com grande capacidade de adaptação e dispersão, enfatizou a prevenção, o alerta precoce e a resposta rápida e apontou as plataformas para a ciência cidadã como grandes armazéns de dados e informação.

Para Iñigo Mendiola, do projecto Life Irekibai, que se centra na inversão dos problemas de conectividade fluvial, na eliminação de obstáculos e no controlo e erradicação das NIC, é necessário sensibilizar a população para colaborar em tarefas como a limpeza dos rios e a guarda do território, através do patrocínio de espécies nativas.

Espécies exóticas invasoras

Francisco José Oliva ofereceu aos participantes as ferramentas da Life Invasaqua para “divulgar todas as lições aprendidas relacionadas com as IAS” e sublinhou a necessidade de ter em conta estas espécies na restauração de rios “centrando-se também na gestão dos caudais e na conectividade”.

“O problema da remoção de barreiras deve ser específico de cada uma delas, avaliando esta distribuição de soluções e benefícios ambientais, não devemos cair na remoção de barreiras em massa, dada a permeabilidade de algumas NIC após a remoção de obstáculos”, afirmou. EFEverde


About LIFE17 GIE/ES/000515 Life Invasaqua of the EU.

Espécies exóticas invasoras de água doce e sistemas estuarinos: sensibilização e prevenção na Península Ibérica

Co-financiado pela UE no âmbito da iniciativa Life e coordenado pela Universidade de Múrcia, LIFE INVASAQUA visa contribuir para reduzir os impactos nocivos das ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORASORAS (IEE) na biodiversidade, aumentando a sensibilização do público, aumentando a formação nos sectores envolvidos e criando ferramentas para um sistema eficaz de alerta rápido e resposta rápida (EWRRR) para gerir os seus impactos nos ecossistemas e estuários de água doce.

Life Invasaqua é coordenado pela Universidade de Múrcia com a participação de 8 parceiros:: EFEverde da Agencia EFE,  UICN-Med,  Museo de Ciencias Naturales-Centro Superior de Investigaciones Científicas,  Sociedad Ibérica de Ictiología (SIBIC),  Universidad de Navarra,  Universidad de Santiago de Compostela,  Universidad de Évora e Associaçao Portuguesa de Educaçao Ambiental (ASPEA)

@lifeinvasaqua



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