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Mexilhões podem invadir a Antártica

Santiago do Chile, 30 de março (EFE) .- A recente descoberta de mexilhões na Antártica abre as portas para uma possível invasão dessa espécie, que “mudaria” completamente o ecossistema do continente branco e causaria “uma tremenda perda de diversidade”. para o planeta, revelou uma investigação liderada por especialistas chilenos e divulgada nesta segunda-feira.

O aumento acentuado da temperatura do Oceano Antártico devido às mudanças climáticas e o crescente influxo de navios geraram “a combinação perfeita” para a chegada de espécies invasoras na Antártica.

A existência de mexilhões ou ‘choritos’ nunca foi registrada antes e, como são “excelentes concorrentes no espaço”, eles podem “crescer e dominar rapidamente o meio ambiente”, disse à Efe a autora do estudo, Leyla Cárdenas.

O IMPACTO HUMANO ATINGE O ÚLTIMO CANTO DO PLANETA

Os organismos se ligam aos cascos dos cruzeiros transoceânicos e viajam milhares de quilômetros para um ecossistema único, o do polo sul da Terra, que está se tornando menos.

“A Antártica é um dos poucos lugares do mundo onde uma invasão ainda não foi registrada como tal. No resto do mundo e como consequência das mudanças climáticas, os diferentes ambientes tendem a se tornar homogêneos”, disse Cárdenas, geneticista do Centro. de Pesquisa Dinâmica de Ecossistemas Marinhos de Alta Latitude (IDEAL) da Universidade Austral do Chile.

Para o pesquisador chileno, isso acontecer no ponto mais ao sul do planeta significa “uma tremenda perda de diversidade única que levou milhões de anos para se tornar o que é”.

“Nós perturbamos o meio ambiente a um nível tal que poderíamos acabar sem lugar (no mundo) sem evidências do impacto do homem. E estamos testemunhando que, a curto prazo, pode ser assim”, alertou o médico, cujo estudo foi realizado. publicado na revista Scientific Reports.

O MEXILHÃO, ESPÉCIES INVASIVAS GLOBAIS

Um grupo internacional de especialistas publicou em fevereiro uma análise das 13 espécies com maior probabilidade de invadir ecossistemas na Península Antártica.

O ‘chorito’ chileno estava entre os mais “problemáticos” junto com o mexilhão mediterrâneo, as algas comestíveis conhecidas como “wakame”, alguns caranguejos, ácaros e outros insetos.

Os espécimes de mexilhão descobertos por Cárdenas e sua equipe de especialistas norte-americanos correspondem ao mesmo grupo genético que habita a Patagônia e as Ilhas Kerguelen, localizadas no Oceano Índico.

De fato, uma espécie próxima disso já demonstrou seu “alto potencial invasivo”, estabelecendo e desenvolvendo populações estáveis no Ártico – em um ambiente semelhante ao do continente antártico – devido ao derretimento do gelo associado ao aquecimento global.

Se isso ocorrer no pólo sul da Terra, as algas e outros organismos que vivem no substrato antártico serão fortemente afetados.

“O mais preocupante é que as tarambolas não teriam controle biológico (na Antártica), já que não existem organismos esmagadores, como os caranguejos”, disse Miguel Pardo, ecologista do Centro IDEAL.

Depois de desembarcarem no continente branco, qual a probabilidade de os mexilhões o invadirem?

“A probabilidade é alta, principalmente devido às suas características de vida: alta fertilidade, crescimento rápido e tolerância a baixas temperaturas, além de serem invasivas em outras latitudes, o que é um excelente preditor de invasão”, disse Pardo, co-autor do estudo. .

UMA INVESTIGAÇÃO QUE MARCA UM PONTO DE INFLAMAÇÃO

“Os choritos que chegaram à Antártica precisam de interação com o meio ambiente e a proteção do substrato marinho. No momento, esse refúgio está sendo dado pelas esponjas marinhas”, disse Leyla Cárdenas, líder da investigação.

O geneticista destacou que é necessário continuar observando se os organismos são capazes de sobreviver ao frio extremo do inverno e se a chegada deles é um evento esporádico ou contínuo.

“O monitoramento das mudanças ambientais é essencial e, a partir daí, gera mecanismos que garantam a chegada de embarcações livres de espécies estrangeiras que podem se tornar invasivas”, concluiu.

A pesquisa liderada por Cárdenas representa um ponto de virada no aprendizado sobre o funcionamento dos sistemas marinhos polares, pois relata pela primeira vez a chegada de organismos invasores em um ecossistema tão remoto quanto a Antártica. EFE

apb / rfg / cav

 


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