
O Poder Integrador do Rio Tejo em Portugal
26 Setembro 2019.-
O rio Tejo é uma parte importante da identidade portuguesa, como o demonstra o elevado nível de envolvimento dos cidadãos nas iniciativas implementadas pelas administrações para a sua manutenção e conservação.
Um dos mais recentes, o TejoAlive 2019, reuniu mais de 200 pessoas em torno de uma atividade de observação e identificação dos valores ambientais do rio lançada pela Câmara Municipal de Santarém.

Inés Barroso, vice-presidente Câmara Municipal Santarém (Portugal). EFE/J.J. Guillén
Envolvimento dos municípios
Inés Barroso, vice-presidente vereadora deste município e directamente envolvida no programa, reconhece que “a melhor forma de proteger o nosso rio é através da sensibilização e envolvimento do público (…) todos podemos fazer parte da solução e que a generosidade nos fará alcançar um espaço mais sustentável.
Numa entrevista concedida à Efe por ocasião da divulgação do projecto ibérico Life Invasaqua, Barroso afirma que o Tejo “é um privilégio que é assumido por todos e nós da Câmara Municipal queremos fazer parte dele e que o nosso trabalho é para benefício de todos.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Santarém valoriza o trabalho coordenado de entidades estatais e privadas, em conjunto com organizações educativas ou sociais, na recuperação do rio nesta zona do distrito português do Ribatejo e na sensibilização da sociedade.
“Estamos trabalhando em ações para reabilitar trechos da linha de água com a ajuda dos cidadãos, para que daqui a 20 anos tenhamos um território mais bonito e sustentável”, afirma.
A luta contra a IEE
Inés Barroso aborda igualmente o problema das espécies exóticas invasoras (EEI), cujo controlo e prevenção são objecto do projecto Life Invasaqua, coordenado pela Universidade de Múrcia e que envolve nove parceiros de Espanha e Portugal.
“Há um ano, várias entidades municipais, bombeiros, a Agência de Meio Ambiente e os serviços de proteção à natureza vêm trabalhando juntos para remover o jacinto de água, que é muito difícil de eliminar, mas não há outra opção senão limpá-lo”, diz ele.
Em sua opinião, “a política deve ser acompanhada de ciência e envolvimento, porque estamos falando de política futura, e agora que sabemos quais práticas não eram corretas no passado, podemos aumentar a conscientização e dar a voz de advertência, você não pode dizer o que fazer se você não explicar como.
Entre os projectos da instituição municipal em que trabalha Inés Barroso está a criação de um observatório de águia-pesqueira, uma espécie da qual foram identificados até 173 exemplares no troço de rio pertencente a Santarém.
Além disso, “queremos que o nosso concelho seja uma atracção turística, porque esta zona é muito rica em valores ambientais” e, neste sentido, “a nossa intenção é promover o turismo sustentável com a criação de zonas pedonais ou cicláveis para o usufruto dos cidadãos e ao mesmo tempo dar vida ao rio”, sublinha.
Um rio que, de acordo com algumas organizações e grupos de conservação, atravessa o país português com um caudal escasso e uma qualidade que diminui à medida que avança para a sua foz, em Lisboa.
Galeria de fotos
Invasões no Tejo
A enorme densidade de nutrientes que sustentam suas águas em algumas de suas seções está intimamente relacionada à proliferação do IAS, como o jacinto de água ou camalote (Eichornia crassipes), que cobre quase completamente as secções finais de alguns dos afluentes do maior rio da Península Ibérica.
Em Portugal, a luta contra o camalote tornou-se um dos objectivos das entidades responsáveis pela gestão da água nas diferentes demarcações.
Carlos Castro, da Agência Portuguesa do Ambiente do Tejo, explica a Efe que o jacinto de água “é um problema sobretudo nas secções finais dos afluentes do Tejo, que apresentam uma deterioração significativa da qualidade da água”.
“Esta planta prolifera onde há muitos nutrientes e muitos rios têm-nos, especialmente as zonas com menos corrente e menos caudal são as mais susceptíveis a esta invasão”, explica o responsável da Agência Portuguesa do Ambiente, que é responsável pela gestão em termos de planeamento, monitorização e licenciamento dos recursos hídricos em cada uma das bacias hidrográficas do país.

Carlos Castro. Agência Portuguesa del Ambiente. Santarém (Portugal). EFE/J.J. Guillén
Divulgação e trabalho de campo
Carlos Castro adverte que sua retirada deve ser abordada em colaboração com os municípios, associações de irrigadores e usuários, “não podemos erradicar esta situação, mas temos que controlá-la e fazer intervenções sucessivas para que ela não se espalhe.
“É importante aumentar a sensibilização e a transmissão de conhecimentos, bem como trabalhar no terreno, com todas as entidades com competência em campo, todos juntos temos que encontrar uma solução, remover o camalote e levá-lo a locais onde possa ser gerenciado”, garante.
O jacinto de água ou camalote ameaça a qualidade da água dos rios português e espanhol e, portanto, “é importante fazer uma gestão conjunta e articular uma regulamentação dos invasores”, reconhece.
About LIFE17 GIE/ES/000515 Life Invasaqua of the EU.
Espécies exóticas invasoras de água doce e sistemas estuarinos: sensibilização e prevenção na Península Ibérica
Co-financiado pela UE no âmbito da iniciativa Life e coordenado pela Universidade de Múrcia, LIFE INVASAQUA visa contribuir para reduzir os impactos nocivos das ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORASORAS (IEE) na biodiversidade, aumentando a sensibilização do público, aumentando a formação nos sectores envolvidos e criando ferramentas para um sistema eficaz de alerta rápido e resposta rápida (EWRRR) para gerir os seus impactos nos ecossistemas e estuários de água doce.
Life Invasaqua é coordenado pela Universidade de Múrcia com a participação de 8 parceiros:: EFEverde da Agencia EFE, UICN-Med, Museo de Ciencias Naturales-Centro Superior de Investigaciones Científicas, Sociedad Ibérica de Ictiología (SIBIC), Universidad de Navarra, Universidad de Santiago de Compostela, Universidad de Évora e Associaçao Portuguesa de Educaçao Ambiental (ASPEA)