Navarra testa com sucesso uma barragem móvel para impedir o avanço do poleiro invasor ao longo do rio Ubagua
Ana Tuñas Matilla
Riezu (Navarra), 14 de Setembro (EFEverde) – O Governo de Navarra testou com sucesso a utilização de uma barragem amovível para impedir o avanço no rio Ubagua da perca europeia, uma espécie exótica invasora (IAS) introduzida pelo homem na albufeira de Alloz, e que se não for parada porá em perigo espécies locais como a truta.
“Estamos a ver que funciona e é eficaz”, explicou José Ardaiz Ganuza, chefe da Secção de Ambiente Fluvial do Departamento de Desenvolvimento Rural e Ambiente de Navarra, à Efe, que salientou que esta é a primeira vez que um sistema destas características é utilizado para tentar evitar que uma IAS suba um rio.
Patenteado pela empresa norueguesa Haawal, foi concebido para outras utilizações, tais como o controlo de cheias, mas “pensámos que também o poderíamos utilizar em rios de uma certa dimensão como barreira temporária” para, neste caso, impedir a migração de poleiros da albufeira de Alloz para as cabeceiras do rio.
A barreira, que será removida a tempo da migração outonal das espécies nativas, foi instalada a 1 de Junho e, através de um processo de electropesca no início de Setembro, foi possível verificar as diferenças de cada lado da estrutura.
Uma vez que os alevins de perca não têm capacidade suficiente para saltar, foram mantidos na secção entre o reservatório, para onde o rio corre, e a barreira.
“Em cima, vimos que havia alguns poleiros que devem ter subido o rio em anos anteriores, porque eram principalmente espécimes adultos. Mas as populações de trutas e de trutas estavam bem” porque não tinham de competir com o poleiro.
Por outro lado, não foi encontrada abaixo uma única truta frita, e a densidade da população de perca, que foi monitorizada durante todo o Verão, foi mais baixa do que em Julho, quando era muito alta, provavelmente porque muitas delas morreram por não haver comida suficiente para todas elas.
“Pensamos que a barragem está a funcionar bem, tem sido eficaz. Estamos a aprender a ver em que período a colocamos e quando a retiramos para evitar afectar outras espécies fluviais cuja migração seria dificultada pela barragem”, segundo Ardaiz, que salientou que a barragem pode ser reutilizada, é fácil de instalar e custa cerca de 3.000 euros.
O investimento “vale a pena” porque as populações de trutas no rio Ubagua estão isoladas há muito tempo e têm um valor genético importante porque são únicas. “Se os perdermos, não haverá volta a dar”, disse ele.
ELES CHEGAM AOS NOSSOS RESERVATÓRIOS “DE CARRO”
A perca da fluviatilis ou perca europeia está distribuída por toda a Europa e o seu limite natural são os Pirenéus. Se está presente em Espanha e Portugal, é porque foi introduzida pelo homem, diz Rafael Miranda, investigador do Instituto de Biodiversidade e Ambiente da Universidade de Navarra e membro do projecto Life Invasaqua co-financiado com fundos europeus.
“Quando me perguntam como aparece uma IAS, especificamente um peixe de rio, um predador, que atinge um certo tamanho e é muito interessante para os pescadores, a resposta é clara: fá-lo de carro”, lamentou, depois de assinalar que a sua presença já é conhecida, principalmente na Catalunha, Navarra e no País Basco.
O maior problema é que se trata de uma espécie predatória. Estes animais, onde quer que consigam reproduzir-se, comem tudo e acabam por destruir ecossistemas, o que pode levar à extinção de espécies locais e até à “morte” do rio, que alimenta hortas e cidades, devido à eutrofização.
Life Invasaqua procura sensibilizar toda a população para a perigosidade e nocividade das IAS aquáticas em Espanha e Portugal, e um dos grandes desafios é que não se sabe muito sobre estas espécies nem como se comportam aqui, disse ele.
Por este motivo, analisarão os espécimes de perca extraídos do Ubagua para verificar o que estão a comer a fim de descobrir como estão a afectar o ecossistema.

Espécimen de perca europeia retirada do rio Ubagua (Navarra) EFE/Pablo Rojo
A chave para a gestão das NIC é a prevenção porque, geralmente, quando uma NIC invade um território, é muito difícil erradicá-la. “Eles são como um tumor. Se detectarmos a sua presença cedo, podemos agir para a controlar, mas se permitirmos que cresça, como um tumor, podemos não ser capazes de fazer nada a esse respeito”.
Em Navarra e outras comunidades, a pesca de espécies invasivas como a gambusia, o peixe-sol, o lúcio, o rudd comum, o rudd comum ou o poleiro europeu é proibida e sancionada, de modo que se for capturado acidentalmente, deve ser imediatamente morto e nunca deve ser devolvido à água ou transportado, por exemplo, para ser comido ou libertado noutro local.
“Se uma espécie pode ser pescada, no final torna-se um passatempo e é promovida. O que temos visto ao longo do tempo é que, se se proporcionar facilidades para uma IEE, a velocidade de expansão é maior e aparece em mais lugares que não alcançaria naturalmente”, porque se se pode pescar perto de casa, porquê viajar 200 quilómetros? EFE
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PT/ GUIA DAS ESPÉCIES EXÓTICAS E INVASORAS DOS RIOS, LAGOS E ESTUÁRIOS DA PENÍNSULA IBÉRICA
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Espécies exóticas invasoras de água doce e sistemas estuarinos: sensibilização e prevenção na Península Ibérica
Co-financiado pela UE no âmbito da iniciativa Life e coordenado pela Universidade de Múrcia, LIFE INVASAQUA visa contribuir para reduzir os impactos nocivos das ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORASORAS (IEE) na biodiversidade, aumentando a sensibilização do público, aumentando a formação nos sectores envolvidos e criando ferramentas para um sistema eficaz de alerta rápido e resposta rápida (EWRRR) para gerir os seus impactos nos ecossistemas e estuários de água doce.
Life Invasaqua é coordenado pela Universidade de Múrcia com a participação de 8 parceiros:: EFEverde da Agencia EFE, UICN-Med, Museo de Ciencias Naturales-Centro Superior de Investigaciones Científicas, Sociedad Ibérica de Ictiología (SIBIC), Universidad de Navarra, Universidad de Santiago de Compostela, Universidad de Évora e Associaçao Portuguesa de Educaçao Ambiental (ASPEA)