Invasão do jacinto de água em Portugal. EFE/J.J. Guillén

Águeda está sozinha na luta aos jacintos-de-água na Pateira

Aveiro, 18 mar.-  O presidente da Câmara de Águeda disse que a autarquia “está sozinha” no combate aos jacintos-de-água na Pateira de Fermentelos, apesar da candidatura, com mais dois municípios, aprovada pelo Ministério do Ambiente.

“Enquanto não houver uma intervenção integrada de todos os municípios que confinam com a Pateira, não conseguimos resolver o problema” da espécie infestante, disse à Lusa Jorge Almeida.

Foi apresentada uma candidatura que envolve os municípios de Aveiro, Águeda e Oliveira do Bairro e a Agência Portuguesa do Ambiente ao programa do Ministério do Ambiente para o combate a espécies invasoras, mas ainda não houve resultados práticos.

“Até agora não aconteceu nada. A câmara de Águeda tem sido a única entidade a fazer alguma coisa para resolver o problema, que até tem estado a melhorar por ação das cheias e porque estamos a conseguir retirar mais jacintos com a nossa ceifeira aquática”, relata o autarca.

A bióloga Rosa Pinho, da Universidade de Aveiro, explicou à Lusa que “o jacinto-de-água não dá hipótese às outras espécies, nem de flora, nem de fauna, porque tapa completamente a entrada de luz e não há fotossíntese, nem alimento”.

“A Pateira hoje em dia pouco mais tem do que jacintos e já foi muito rica. Tiravam moliço da Pateira, que tem muito mais espécies e há uma delas, que está na lista vermelha da flora, o trevo aquático de quatro folhas, que já existiu e que temos no Herbário da Universidade, colhida ali por nós”, comenta.

Operação que tem alguma complexidade

Jorge Almeida reconhece que a retirada dos jacintos-de-água “é uma operação que tem alguma complexidade” e explica que a ceifeira adquirida pela Câmara de Águeda tem dificuldade em penetrar em determinadas zonas do rio e nos municípios vizinhos.

Segundo o presidente da Câmara, sem a limpeza dos jacintos-de-água nas zonas comunicantes com a Pateira de Fermentelos, nomeadamente em Requeixo (Aveiro) e em Oiã (Oliveira do Bairro), eles voltam a cobrir a água, formando um manto à superfície.

“Nas redes sociais algumas pessoas muito exacerbadas apontam o dedo apenas a Águeda e esquecem que a Pateira também é dos dois municípios vizinhos”, critica.

Jorge Almeida está também preocupado com a poluição a montante porque está relacionada com a propagação dos jacintos, que encontram aí a fonte de alimentação, o que conduz à eutrofização da Pateira.

“Indiscutivelmente só um organismo supramunicipal conseguirá resolver o problema e não vale a pena estarmos com panos quentes”, defende.

Conjugam-se vários fatores que dificultam a limpeza: quando há um aumento do nível da água com ventos predominantes de noroeste, o jacinto entra outra vez na Pateira.

“Lá temos aquela massa dos jacintos a andar para trás e para a frente, mas, apesar de tudo, a situação já esteve bem pior e neste momento até está um espelho de água magnífico”, descreve Jorge Almeida, explicando que a Câmara de Águeda, a suas expensas, aumentou a atividade da ceifeira, com a contratação de mais um operador em permanência.

Melhora, mas não resolve, como reconhece o autarca, porque há sítios onde a máquina não consegue penetrar e a vegetação infestante continua a desenvolver-se.

“A candidatura é precisamente para entregar meios às Juntas de Freguesia para assumirem elas a limpeza desses espaços, mas a candidatura, embora aprovada, ainda não foi operacionalizada”, conclui o autarca.

 

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